Os agrotóxicos são produtos químicos com a finalidade de controlar pragas (animais e insetos) e doenças de plantas. São utilizados em larga escala, desde nos ambientes rurais, agricultura e pastagens, até no controle sanitário urbano, como no controle de vetores de doenças. A partir dos anos 60, estudos vêm mostrado os efeitos adversos de seu uso e as consequências no campo, nos ecossistemas e na saúde humana.
Termos e categorização
Também chamados de “defensivos agrícolas” ou “pesticidas”, o termo “agrotóxico” é considerado como a terminologia mais adequada e honesta às peculiaridades e aos riscos que essas substâncias apresentam para o homem e meio ambiente. Esse termo passa a ser utilizado no Brasil a partir da Constituição Federal de 1988, na Lei 7802 de 1989 e foi regulamentado pelo Decreto 4074 de 2002.
Os agrotóxicos se constituem por uma série de substâncias químicas, e também biológicas, que podem ser classificadas a partir de seus efeitos na saúde humana, no meio ambiente, de acordo com suas finalidades agrícolas ou de acordo com suas estruturas químicas.
Quadro 1 – Categorização de alguns tipos de agrotóxicos de acordo com sua finalidade e grupo químico
Quadro 2 – Categorização de agrotóxicos de acordo com efeitos à saúde humana
Agrotóxicos e saúde humana
Devido a sua natureza essencialmente venenosa, os agrotóxicos são desenvolvidos para atuarem sobre as funções vitais de determinados organismos, porém, seus efeitos ultrapassam a barreiras das espécies, devido aos seus agentes constituintes serem bioacumuladores ou por atuar de forma menos agressiva, crônica, em outros organismos, como no ser humano.
Na saúde humana, os agrotóxicos apresentam dois tipos de reações: agudas e crônicas. As reações agudas são aquelas que apresentam sintomas imediatamente ou após um período curto de exposição, com efeitos visíveis como: náuseas, desmaios, vômitos, convulsões, dificuldades respiratórias, dentre outros. Os efeitos crônicos são acumulativos e demoram dias, meses, anos ou até gerações para se manifestar, devido a essa bioacumulação os efeitos podem nem ser avaliados de forma correta, nexo-causal, gerando diagnósticos incompletos e tratamentos insuficientes.
Os efeitos crônicos apresentam uma capacidade de magnitude maior do que os efeitos agudos, pois, devido não apresentarem efeitos em curto período de tempo, podem se alastrar por toda a cadeia comercial das agriculturas, por exemplo, intoxicando os produtores, de forma direta e indireta, e as pessoas que consomem esses alimentos ou utilizam recursos naturais contaminados.
Quadro 3 – Efeitos de alguns agrotóxicos na saúde humana (OMS, 1996)
Agrotóxicos e o meio ambiente
Os efeitos dos agrotóxicos no ambiente se dão tanto no meio abiótico quanto biótico, um dos principais impactos negativos no meio abiótico é a contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas, na qual a borrifação ou despejo dos agrotóxicos, nas culturas, se infiltra no solo, tornando-o fonte de componentes tóxicos e desequilibrando seus recursos minerais, além de que com as chuvas parte de seus constituintes são escoados para os rios e lagos ou infiltram até chegar nos lençóis freáticos, aquíferos e demais águas subterrâneas.
De forma inter-relacionada, o meio biótico é atingido por essa dispersão do agrotóxico, causando doenças e mortes de peixes e outras espécies atingidas, desequilibrando o ecossistema e, em alguns casos, promovendo a biomagnificação, na qual alguns agentes dos agrotóxicos, como os organoclorados, se acumulam nos organismos vivos, aumentando sua concentração conforme se dispersam na cadeia trófica. Além, dos efeitos econômicos negativos que podem ser gerados para as atividades rurais, como morte de peixes em viveiros, de aves, infertilidade do solo, dentre outras consequências.
Saiba mais sobre o solo
SOLO: características e processos de poluição e contaminação
Outra forma de contaminação ocorre pelo descarte inadequado das embalagens de agrotóxicos, mesmo tendo legislação específica, aumentando as formas de poluição dos recursos naturais e do ser humano por agrotóxicos.
Quadro 4 – Toxicidade e persistência ambiental em escala de 1 a 5 (PERES et al., 2003)
Considerações
É evidente que a relação entre benefícios-malefícios dos agrotóxicos apresenta uma série de desvantagens, tanto nos aspectos ecológicos, ambientais, sociais, de saúde e econômicos. No aspecto ecológico ocorre a morte de espécies e doenças, surgindo o desequilíbrio e problemas socioambientais como pragas e carência de recursos e de forma contextualizada isso reflete nos aspectos ambientais, contaminação do solo e das águas, problemas de saúde pública pelo consumo de recursos contaminados, e perda econômica para os produtores, sociedade e Estado. Diante dessa realidade algumas alternativas vêm sido fomentadas para diminuir o uso de agrotóxicos, principalmente na agricultura familiar, que é grande fonte de alimentos para a população do Brasil, através de práticas agroecológicas e do uso de biofertilizantes e biopesticidas, que apresentam menor grau de toxidade do que os agrotóxicos convencionais.