A poluição atmosférica, basicamente, pode ser entendida como o lançamento ou presença de matéria ou energia na atmosfera que tem a capacidade de modificar o uso, previamente estabelecido, deste recurso natural.
Para visualizar quando o ar/atmosfera está poluído(a) se faz necessário entender quais são seus usos pré-estabelecidos, sendo: uso metabólicos pelo homem, animais e vegetação, benefícios advindos dos fenômenos meteorológicos, comunicação, transporte, combustão, processos industriais, receptor e transportador de resíduos da atividade humana.
É fácil compreender os quatro primeiros usos do ar, pois à primeira vista são necessidades nobres, porém o homem se utiliza de tecnologias para beneficiamento de produtos ou matéria-prima para suas atividades e logo o uso do ar para lançamento de efluentes industriais é necessário, mas é esse o ponto chave sobre a poluição atmosférica, sendo que se o efluente for devidamente tratado e ao ser lançado no ar não modifique-o a ponto de impedir seus usos, então não há poluição, no aspecto teórico. A poluição ocorre, na maioria das vezes, pela negligencia e estudos mal realizados que corroboram para que no ato do lançamento do efluente ocorra um desiquilíbrio dos componentes do ar e consequentemente a sua poluição.
COMPOSIÇÃO DA ATMOSFERA
Para compreender melhor como a mudança do equilíbrio dos gases pode resultar na poluição atmosférica é importante entender sua composição. A atmosfera é uma mistura de gases, inodora e incolor que forma um manto ao redor da terra. A sua composição, desde o nível do solo até uma altura de 70km é notavelmente constante, com variações mínimas devido a presa do vapor d’água.
A atmosfera tem a função de regular a temperatura, igualando relativamente as temperaturas entre o dia e a noite. O vapor d’água não é um integrante da mistura dos gases que compõem a atmosfera, pois é resultado de um processo físico (evaporação), utilizando a atmosfera para se transportar.
Basicamente temos onze gases que compõem a atmosfera, excluindo os gases de origem natural e de concentração variável, sendo o mais abundante o Nitrogênio e com menor concentração o Xenônio.
POLUENTES
Os poluentes atmosféricos podem ser classificados de acordo com sua origem, estado e composição química.
Os poluentes, de acordo com sua origem, podem ser primários e secundários. Os primários estão presentes o ar na forma em que são emitidos como resultado de algum processo, como os compostos orgânicos voláteis, SO2, NO3, CO2, etc. Os secundários são resultados de reações que ocorrem na atmosfera, gerando novos compostos, como o peroxibenzolnitrato, ozônio e outros. De acordo com o estado temos os gases e vapores, partículas sólidas e líquidas e de acordo com a composição química se tem os poluentes orgânicos e inorgânicos.
Cabe ressaltar que existem outras definições que estão relacionadas à classificação dos poluentes de acordo com sua granulometria ou pelas características físico-químicas como poeiras, fumos, névoas, vapor, gases, aerossóis e catalizadores.
FONTES DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Na atmosfera ocorrem, permanentemente, reações químicas. Sendo que é responsável pela absorção de uma grande variedade de sólidos, gases e líquidos provenientes de fontes naturais e/ou industriais, podendo ocorrer dispersão e/ou reações mutuas com outras substancias já existentes na atmosfera. Pode-se considerar dois tipos gerais de fontes de poluição: as fontes específicas e as fontes múltiplas.
As fontes específicas são lotadas em determinada localização geográfica, ocupando área relativamente limitada e permitem uma avaliação na base da fonte, exemplos: polos industriais, fábricas, empreendimentos, etc. As fontes múltiplas podem ser fixas ou móveis, geralmente se dispersam pela comunidade e causa grande dificuldade de avaliação, devido à grande variância de ponto de amostragem, exemplo: veículos automotores, casas, trens, aviões, etc.
De acordo com a origem do poluente, pode-se classificar as fontes de poluição como: fontes naturais, fontes industriais, queima de combustíveis, queima de resíduos sólidos, evaporação de produtos de petróleo, atividades produtoras de odores, fontes de radiações e outras atividades. Veja a seguir algumas fontes de poluição do ar e principais poluentes:
Outra concepção pode resumir o tema fontes de poluição, as fontes antrópicas e naturais. São de fácil visualização as fontes advindas do avanço industrial e de processos naturais. Esses termos não são usados na literatura de forma genérica devido as lacunas que podem existir em sua classificação.
CONSEQUÊNCIAS DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Para se obter um conforto respiratório é restritamente necessário uma quantidade ilimitada de ar relativamente puro. O ser humano consome cerca de 15Kg de ar por dia, em contraponto a 2Kg de água e 1,5 Kg de alimentos diários, também é observável que o consumo do ar é involuntário, ou seja, sendo a qualidade do ar boa ou ruim, será necessário consumi-lo. Os principais efeitos da poluição do ar podem ser:
- Efeitos tóxicos sobre seres vivos e animais;
- Efeitos desagradáveis dos maus odores;
- Efeitos sobre os materiais;
- Efeitos sobre as propriedades da atmosfera (desiquilíbrio);
- Efeitos sobre a vegetação;
- Efeitos econômicos.
E esses efeitos dependem diretamente da concentração da substância na atmosfera, do tempo de exposição e da sensibilidade individual (exemplo: alergias).
O contaminante mais abundante na baixa atmosfera é o monóxido de carbono (CO), também estão presentes os óxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, hidrocarbonetos, ozônio, aldeídos e material particulado. Dependendo da concentração de cada poluente, do tempo de exposição e sensibilidade de cada pessoa os efeitos podem ser diversos, deste um rápido desconforto respiratório até a morte (exemplo sobre o monóxido de carbono), isso num tempo variante de poucos minutos. O material particulado causa irritação e entupimento das alvéolos pulmonares e os demais poluentes podem reagir com outros compostos do corpo humano ocasionando ácidos, enfisema graves, degeneração do sistema nervoso, doença nos ossos e outros malefícios à saúde.
METODOLOGIAS DE CONTROLE DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
O processo de poluição atmosférica pode ser visualizado pelas seguintes fases:
Geração de poluição -> Emissão na atmosfera -> Transporte/difusão -> Imissão/Recepção
Os métodos de controle pelos quais se pode controlar a emissão de poluentes atmosféricos nos processos industriais podem ser os métodos indiretos e métodos diretos de controle.
As medidas/métodos indiretos se baseiam na modificação (eficiência) do equipamento e/ou processo de beneficiamento (por exemplo), na troca de matérias primas que produzam resultados similares mas que emitam menor concentração de gases ou mais fáceis de controlar, na manutenção dos equipamentos e operação de forma condizente com suas limitações.
As medidas diretas de controle incluem técnicas destrutivas como incineração e biofiltração e técnicas recuperativas como: absorção, adsorção e condensação. Medidas que visam a modificação do poluente in loco para emitir cargas com menor concentração, estratificar certas substancias ou mesmo remaneja-los para tratamentos específicos.
Essas medidas só têm efeito positivo quando acompanhadas do monitoramento, que é o acompanhamento de levantamento de dados que vão corresponder a eficiência ou não da metodologia utilizada. Apenas aderir a uma tecnologia sem o monitoramento não garante que os mesmo serão lançados e conformidade com os padrões de emissão.
Existem recomendações internacionais e resolução nacional que dispõem sobre o lançamento de efluentes na atmosfera, sendo eles, Padrões de Qualidade do Ar (PQAr), publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2005 e a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 3/1990 que determinam as características da qualidade do ar.
Por fim, a poluição do ar é um dos maiores problemas das grandes cidades e também o tipo de poluição com maior problemas de quantificação, principalmente das fontes múltiplas. É fundamental para que o ar continue sendo utilizado sem grandes danos à saúde, à sociedade e ao meio ambiente, sejam realizadas as fiscalizações nas industriais por parte dos órgãos competentes, referentes aos padrões de qualidade do ar, e também a sensibilização da sociedade em denunciar quando perceberem a poluição proveniente das industrias, assim como mitigar a poluição que é gerada no dia-a-dia, nas atividades do cotidiano, fazendo a manutenção dos veículos automotores, evitar a queima de resíduos e adotar, quando possível, atitudes ecológicas como andar a pé, de bicicleta, utilizar transporte público, etc.
Saiba mais sobre o programa do Governo para mitigar o impacto atmosférico, PROCONVE.
PROCONVE: Programa de controle de poluição do ar por veículos automotores
Autor
Elizeu Vasconcelos
Consultor Ambiental