O solo é uma camada relativamente pequena na crosta terrestre, localizando na superfície externa. No entanto é de suma importância para o desenvolvimento das atividades humanas, consequentemente para o seu progresso.
Na era das comunidades humanas primitivas retirava-se da natureza praticamente apenas o necessário a sua reprodução. Além disso, utilizavam-se basicamente de recursos renováveis através da coleta, da caça e da lavoura em pequena escala. Desta forma, deixavam intactas as bases do funcionamento dos ecossistemas.
A ruptura desse modo de exploração dos recursos naturais aconteceu após a revolução industrial, séculos XVIII e XIV, quando a expansão permanente do mercado foi imposta como uma premissa essencial. Sendo assim a utilização dos recursos naturais começara a ser explorados de forma exponencial, sem, no entanto, considerar que os recursos naturais não renováveis, são limitados.
Diante desse modelo de mercado a humanidade sucumbirá daqui a algumas décadas. Portanto cabe a cada um de nós reciclarmos nossos conceitos e por em prática atitudes mais sustentáveis.
A poluição e Contaminação são fatores comuns quando se trata da degradação do solo, porém são termos com significados diferentes.
A poluição é a introdução, pelo homem, de substâncias e energia no ambiente, susceptíveis de causar problemas de saúde pública, em organismos vivos ou sistemas ecológicos, prejudicar estruturas ou sua funcionalidade e interferir com usos legítimos do ambiente. A poluição se caracteriza pela alteração das substâncias que compõem o solo para além dos padrões mínimos que suportam a vida.
Já a contaminação é a introdução no meio ambiente (água, atmosfera, solo) de organismos patogênicos, de substâncias tóxicas ou radioativas em concentrações nocivas à saúde dos seres humanos, no entanto, se não resultar em uma alteração das relações ecológicas, a contaminação não é uma forma de poluição.
A poluição e contaminação dos solos são decorrentes de diversas atividades, entre eles podemos citar o aumento de campos para produção de alimentos com uso exacerbado de fertilizantes; extração de minérios com ou sem o uso de metais pesados; incêndios florestais; despejo de efluentes líquidos inadequados; deposição inadequada de resíduos sólidos; má gerenciamento de atividades potencialmente contaminantes do solo, atividades agropastoris rudimentares e entre outras atividades.
Considerando estas atividades potencialmente degradantes ao meio ambiente, para cada uma existem métodos de gerenciamento, controle e mitigação dos impactos ambientais negativos, ao longo deste artigo, alguns aspectos importantes sobre o solo e suas formas de contaminação/poluição serão citadas.
COMPOSIÇÃO DO SOLO
A formação de um solo é um processo que leva milhões de anos. É formado a partir de um corpo compacto (rocha) e por meio do processo de intemperismo ela vai se desgastando e liberando seus minerais que o compõem. Por sua vez, estes minerais que estão expostos na superfície da rocha irão reagir com a água, temperatura local e organismos vivos, sendo assim começam a se degradar. Agregado aos componentes das rochas e as matérias orgânicas oriundas de animais e vegetais mortos, permitem que o solo forneça novos nutrientes para plantas crescerem, diante dessas condições, os galhos e as folhas mortas vão se degradando e assim começamos a formar os horizontes do solo.
Figura 1 – Processo de formação dos solos
O solo é composto por quatro partes: ar, água, matéria orgânica e minerais. Estes minerais se misturam uns com os outros, a matéria orgânica se mistura com a água e a parte mineral e o ar ficam guardados em pequenos espaços vagos que chamamos de poros do solo, onde também fica a água, são desses poros que as raízes das plantas retiram o ar e a água que necessitam.
CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE O PROCESSO DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO
Os Solos são considerados frequentemente como um filtro, exercendo um poder de absorver grande parte das impurezas que lhe são depositadas.
Partindo desse princípio no processo de contaminação de um solo o mais importante a se saber é a sua caracterização, sendo um dos fatores imprescindíveis à identificação as suas propriedades físicas e químicas, para posteriormente conhecer a dinâmica de expansão da pluma de contaminantes.
Propriedades físicas
As propriedades físicas são muito importantes, uma vez que influenciam diretamente na produtividade de um solo, através do desenvolvimento das plantas, e no caso da contaminação podendo atuar como fator dissipador ou não da pluma de contaminação.
Propriedades do solo como a densidade, a porosidade, taxa de infiltração de água e a resistência à penetração e entre outras funções tem sido usadas também para identificar áreas sensíveis ao processo de contaminação e poluição.
A textura do solo é identificada pela análise granulométrica, assim classificando os componentes sólidos do solo em classes de acordo com os seus diâmetros, sendo divididos em areia, silte e argila.
Uma das propriedades mais importantes para avaliar a qualidade do solo é a estrutura, que avalia o arranjo entre sólidos e vazios. A estrutura consiste no arranjo das partículas unitárias de areia, silte e argila em partículas compostas ou grumos, os quais apresentam características específicas.
Avaliações da estrutura podem ser realizadas por meio da densidade, macro e microporosidade, da resistência à penetração, permeabilidade, entre outros. Estas propriedades podem ser utilizadas como indicadores de adensamento, da compactação e do encrostamento.
A porosidade do solo é dividida em duas classes: macroporos e microporos. Os microporos são conhecidos como os poros capilares responsáveis pela retenção da água no solo. No entanto, os macroporos representam os poros responsáveis pela drenagem e aeração do solo.
Sendo estas características importantes para o processo de dispersão do contaminante, que se dar em função da difusão molecular e da dispersão hidrodinâmica, sendo assim expandindo sua área de abrangência. É importante ressaltar que também depende da composição do contaminante para que esses fatores supracitados sejam atores de agravamento ou diminuição da ação da degradação da área.
Propriedades químicas
O pH do solo, é um importante indicador de suas condições químicas, pois possui capacidade de interferir na disposição de vários elementos químicos essenciais ao desenvolvimento vegetal, favorecendo ou não suas liberações, assim como na reatividades com os poluentes presente no solo.
As reações entre o poluente e o solo, acarretam mudanças na concentração da solução. Estas reações podem acontecer totalmente na fase líquida ou na transferência de substâncias entre esta e a fase sólida do meio poroso ou a fase gasosa (no caso de solos não saturados).
A constituição dos solos e sedimentosão essenciais para se fazer projeções sobre a dispersão da pluma de contaminantes ou sobre o retardamento desta, por meio de reações do contaminantes/poluentes com substâncias presentes no solo.
ALGUMAS FONTES DE POLUIÇÃO/CONTAMINAÇÃO DO SOLO
Existem diversas fontes e modos de poluir ou contaminar o solo. Dentre os mais comuns em uma cidade urbana é a disposição inadequada de resíduos sólidos. De acordo com o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil de 2014 a estimativa da destinação incorreta dos resíduos urbanos não coletados foi na cifra de 7 (sete) milhões de toneladas e daqueles que foram coletados, cerca de 41,6% tiveram sua destinação inadequada, aproximadamente 29,6 milhões de toneladas no ano.
Outra fonte de poluição/contaminação é o lançamento in natura dos efluentes domésticos e indústrias no solo, seja por falta de estrutura básica necessária, no caso de municípios, ou por falta de incentivos e investimentos para a aplicação dos métodos, nas empresas. De acordo com o Ministério das Cidades houve um crescimento da coleta de esgoto doméstico de 2012 a 2013 de 0,3%, no entanto ainda é considerado baixo, uma vez que o percentual nacional é de somente 48,6%.
Outra preocupação em relação aos impactos ambientais que afetam diretamente o solo é em relação ao aumento linear das áreas para cultivo de grãos no Brasil, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) desde 2010 só cresce as áreas cultiváveis, no último levantamento (2014/2015) apresentou um crescimento de 1,9%, 58 milhões de hectares, não se sabe se esse crescimento está afetando negativamente o solo, mas o importante a ressaltar é que se deve ter responsabilidade e competência para se alcançar um meio termo entre o crescimento econômico e o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Conforme os dados oficiais do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Governo Brasileiro tem reduzido significativamente o desmatamento na Amazônia Legal, chegando aos impressionadíssimos 81,95%, entre os anos de 2004 a 2014. No entanto, nos últimos 3 anos, desde 2012, os dados vem apresentando bastante oscilações, conforme é apresentado ao gráfico abaixo. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) que também monitora o desmatamento, apresentou dados quanto ao desmatamento que também comprova essa oscilação, porém são maiores que os dados do Governo Federal.
Diante dessas circunstâncias podemos especular o constante impacto ambiental causado ao solo dessas regiões desmatadas, dando origem a solos improdutivos, danos à microbiologia do solo, perda da biodiversidade, aumento dos processos erosivos e consequentemente redução na infiltração da água no solo. Apesar da significativa redução dos desmatamentos ao longo da última década, ainda temos muito que fazer para frear esses danos à humanidade.
Figura 2 – Desmatamento na Amazônia Legal (PRODES)
Figura 3 – Desmatamento na Amazônia Legal (PRODES)
A discrepância dos dados apresentados se dar pelo fato de se utilizarem metodologias diferentes para a medição do grau de desmatamento da Amazônia Legal.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O SOLO
O solo é um recurso finito, limitado e não renovável, diante a sua crescente degradação das últimas décadas e a sua lenta formação e regeneração, é conveniente que se tenha uma maior responsabilidade no uso deste recurso para que se possa garantir a sua utilização por muito tempo.
O fato de ocorrer uma grande urbanização das sociedades modernas ocasiona uma ruptura com a importância do mundo rural o que faz perder a noção do solo como suporte da vida no planeta.
É importante ressaltar que a preocupação voltada para o solo, esta atrelada ao fato de que uma vez degradado e/ou contaminado, ocasionará grandes consequências ambientais, sanitárias, econômicas, sociais e políticas que poderão limitar ou até inviabilizar o seu uso posteriormente.
Sendo assim, é imprescindível que suas características mínimas, de um equilíbrio ecológico, sejam resguardas. As informações apresentadas ao longo deste artigo, evidenciam o fato de que nos últimos anos o solo é impactado pela ação do homem, sendo desta forma importante a sociedade esta ciente das questões ambientais e em alerta para que as leis existentes, quanto à proteção do meio ambiente, sejam cumpridas.